Saturday, December 30, 2017

Os Fotógrafos do Tuxaua Mandu


Em 2015, quando eu estava trabalhando no acervo fotográfico da Província Franciscana de Santo Antônio, em Recife, com as imagens dos Tiriyó, eu encontrei um retrato do tuxaua Mandu entre as demais fotografias desse rico acervo. Desde então eu fiquei bastante intrigado. Como essa fotografia apareceu nesse acervo? Eu não tive dúvida nenhuma que aquele retrato que estava nas minhas mãos era realmente do tuxaua Mandu, pois já conhecia fotografia semelhante no acervo da Coleção Etnográfica Carlos Estevão de Oliveira do Museu do Estado de Pernambuco.

Tuxaua Mandu retratado por Koch-Grünberg, 1903 

Tuesday, October 17, 2017

Cacique Tataru: aventuras heroicas em Rondônia

por Hein van der Voort
A história é relativamente simples, mas Snethlage a usou para contar sobre suas próprias observações e experiências etnográficas durante sua estada nas florestas da bacia do rio Branco em Rondônia em 1934.



Além de trabalhos científicos e seu livro popular Atiko Y, Emil Heinrich Snethlage escreveu também uma história para jovens. O livrinho Häuptling Tataru: Aus dem Leben eines Wayoro-Indianers ‘Cacique Tataru: da vida de um índio Wayoró’ é a história de um jovem indígena Wayoró que, ao retornar de uma caçada na floresta, acompanhado de seu amigo Pito, descobre que um grupo de índios Tuparí, perigosos inimigos dos Wayoró, haviam ateado fogo em sua aldeia, matado os homens e levado embora as crianças e mulheres que sobreviveram ao ataque. Tataru e seu amigo organizam um ataque com os membros de uma outra aldeia Wayoró contra os algozes, para se vingarem e tomarem as mulheres e as crianças de volta. A história envolve também um amigo Makurap (relacionado aos Wayoró por casamento), um grupo de Arikapú aliado com os Tuparí e um traiçoeiro pajé “Jabutí” (Djeoromitxí). (Essa pequena descrição acaba aqui para não revelar o final da história, que é baseada em um relato verdadeiro.)

Monday, September 18, 2017

Um exemplar de "Actualidade indígena" (Borba 1908) com anotações de Nimuendajú

por Renato Nicolai*
Pesquisador independente, Renato Nicolai escreve sobre um item especial de sua coleção bibliográfica: um exemplar de Actualidade indígena (Borba 1908) contendo anotações a lápis e dedicatória de Curt Nimuendajú. Em excelente estado de conservação, o exemplar foi cuidadosamente digitalizado por Renato especialmente para os usuários da Biblioteca Digital Curt Nimuendajú.

Nas mãos de especialistas pode ser que [as anotações de Nimuendajú] acrescentem algumas migalhas ao conhecimento acumulado sobre as línguas indígenas brasileiras, e por essa razão a obra merecia ser escaneada com carinho e dada a público na Biblioteca Digital que leva o seu nome.

Certo dia comentei com meu pai, Nelson Nicolai, que tinha comprado essa obra no sebo do Messias, em São Paulo, mas que o exemplar, embora encadernado incluindo a capa original, estava sem o frontispício e no final faltavam três das estampas. Em resposta a meu comentário sobre a compra e o estado do livro do Borba, me informou que tinha essa obra — também comprada no Messias, que a gente frequentava desde a inauguração, sempre garimpando as 'nossas' preciosidades — e mais: com o autógrafo do Nimuendajú.

flickr:37098419096Ele, que que sempre vivera rodeado de livros, trabalhou em livrarias, foi chefe de revisão da Cia. Ed. Nacional e depois foi dono de sebos (embora sua obsessão fosse a de insano caçador e leitor de livros, a ponto de muitas vezes manter o próprio sebo fechado para rodar a cidade atrás de livros). Reuniu algo em torno de 35 mil volumes, doou cerca de 8 mil que agora estão na Unicamp, vendeu uns 5 mil para amigos e conhecidos e se recolheu com o restante a uma chácara de minha irmã em Atibaia.

Depois de sua morte em 2002, cerca de 150 volumes de sua biblioteca, com alguma referência a grupos e línguas indígenas, vieram parar em minhas mãos. Ansioso, ao folhear o seu exemplar do Borba, descobri que estava íntegro, e não só tinha a assinatura e a dedicatória de Nimuendajú a um amigo, Fritz Besser, como ainda trazia várias anotações a lápis com a letra dele. Nas mãos de especialistas pode ser que elas acrescentem algumas migalhas ao conhecimento acumulado sobre as línguas indígenas brasileiras, e por essa razão a obra merecia ser escaneada com carinho e dada a público na Biblioteca Digital que leva o seu nome.

*Pesquisador independente, Renato Nicolai é um pioneiro no uso da internet para a divulgação de informações sobre os povos indígenas do Brasil, sendo o criador do site indios.info. Ao longo de décadas, vem compilando uma impressionante coleção bibliográfica sobre o assunto — generosamente compartilhada em seu site e, ultimamente, na Biblioteca Digital Curt Nimuendajú.

Monday, March 13, 2017

Através das Fotografias, as Memórias e Imagens do Cotidiano dos Tiriyó




Laboratório de Antropologia Visual
Universidade Federal de Pernambuco

As atividades com acervos fotográficos respondem muito bem a pergunta outrora formulada por Ana Maria Mauad(1), qual a relação entre história e fotografia? As fotografias em questão nos chamam para entender e compreender o mundo dos índios Tiriyó e essas fotografias nos levam a entender o processo histórico sobre esse povo. Elas nos mostram um mundo que não é mais o mesmo e que passou por profundas transformações em tão pouco tempo. A fotografia poderá ser vista como uma copia fiel do mundo e de seus acontecimentos históricos. Certamente os Tiriyó de hoje gostariam muito de poder ver essas fotografias, para poder entender  um passado que resta na tradição oral, e assim poder acrescentar inúmeras informações, sem dúvida historicamente qualificadas, para esse conjunto de fotografias que discutimos nesse texto.

Thursday, January 19, 2017

Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira

Iniciada em agosto de 2016, a primeira fase do projeto voluntário de extensão “Ampliação da Biblioteca Digital Curt Nimuendajú” tem como objetivo transcrever os verbetes do volume I da Bibliografa Crítica da Etnologia Brasileira (Baldus, 1954) e disponibilizar os links para as obras, mapas e fotografias disponíveis na Biblioteca Digital Curt Nimuendajú e em acervos de outras bibliotecas online, com o cuidado de preservar os detalhes da grafia utilizada pelo autor e encontrada nos trechos citados. Dessa forma, o acesso de pesquisadores e interessados em estudos com indígenas à extraordinária produção de Herbert Baldus, bem como aos trabalhos que o etnólogo prestigia e reprova, será simplificado. A equipe do projeto é coordenada pela Profa. Aline da Cruz e conta com a participação de Amanda Vallada e Keila Mariana Silva, alunas de graduação da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás.