Laboratório de Antropologia Visual
Universidade Federal de Pernambuco
Universidade Federal de Pernambuco
As
atividades com acervos fotográficos respondem muito bem a pergunta outrora
formulada por Ana Maria Mauad(1), qual a relação entre história e fotografia? As fotografias em questão
nos chamam para entender e compreender o mundo dos índios Tiriyó e essas
fotografias nos levam a entender o processo histórico sobre esse povo. Elas nos
mostram um mundo que não é mais o mesmo e que passou por profundas
transformações em tão pouco tempo. A fotografia poderá ser vista como uma copia
fiel do mundo e de seus acontecimentos históricos. Certamente os Tiriyó de hoje
gostariam muito de poder ver essas fotografias, para poder entender um passado que resta na tradição oral, e
assim poder acrescentar inúmeras informações, sem dúvida historicamente
qualificadas, para esse conjunto de fotografias que discutimos nesse texto.
A Coleção
Iconográfica do acervo da Província Franciscana de Santo Antônio no Recife deve
possuir cerca de 8.000 mil fotografias acumuladas desde o século XIX até a
presente data. São fotografias realizadas sobre o trabalho pastoral e deixadas
pelos Franciscanos que viveram nessa província. Com o recendente de trabalho de
restauração e acondicionamento do acervo provincial percebeu-se que esse legado
é um acervo imenso e retratam justamente o interesse e os trabalhos abnegados
dos frades da província ou seja, o que os frades tinham interesse em registrar
e mostrar aos outros.
Entre as
fotografias desse acervo, encontra-se um conjunto específico e bastante
significativo de fotografias, que passamos agora chamar de Acervo
Fotoetonográfico da Coleção Iconográfica do acervo da Província Franciscana de
Santo Antônio no Recife, pois constitui-se principalmente de imagens sobre os
povos indígenas. Acredita-se, que todas essas imagens estejam relacionadas a
índios que vivem em lugares onde os franciscanos mantiveram e mantem missões
religiosas. Portanto, são fotografias que mostram os Tiriyó, os Mundurucu, os
Wayana, os Apalaí, os Xiriana, todos dessa região do Baixo Amazonas dos
municípios de Oriximiná, Óbidos e Santarém onde os franciscanos atuam como
missionários.
O que nos interessa aqui, é
descrever um conjunto de 202 fotografias, que se encontram em um ótimo estado
de conservação, e acredita-se também, que esse conjunto de imagens pode ter
sido realizado pelo mesmo fotógrafo, e revelado em uma mesma época, e, se
refere especificamente a um povo indígena determinado, são fotografias que retratam o cotidiano da
vida dos índios Tiriyó, habitantes do Rio
do Oeste, próximo a Serra do Tumucumaque, no Estado do Pará.
De acordo a
nossas investigações sobre esse acervo percebemos que algumas dessas
fotografias se encontram publicadas no livro do Protásio Frikel (1912-1974)
ex-franciscano que viveu muitos anos entre os Tiriyó. Ele escreveu um livro cujo titulo é: Os Tiriyó -Seu Sistema Adaptativo, na coleção "Völkerkundliche Abhandlungen des
Niedersächsischen Landesmuseums Hannover", 5. Hannover (38) em 1973,
organizada por Hans Becher, publicado exatamente um ano antes do seu
falecimento. E esse conjunto de fotografias poderia ter sido usado para editar
algumas fotos que se encontram nesse livro. E, justamente por causa desse fato
que associamos essas fotografias ao povo Tiriyó. Trata-se de um livro onde ele
relata a cultural material com muita ênfase. Podemos ainda perceber, tanto
através do texto de Hans Becher, quanto pelo conjunto de fotografias, que o
Frikel tinha outros projetos editoriais sobre esses índios.
Todas essas fotografias desse
acervo tem um foco específico, todas elas refletem a vida cotidiana dos Tiriyó,
os detalhes das fotos mostram esses índios trabalhando em seu dia-a-dia.
Mostram o que fazem quando estão juntos na aldeia, mostram os seus utensílios
de uso cotidiano e de instrumento de músicas que usam durante suas festas.
Colocam e evidência o traçado da palha e o conjunto de cestarias que esses
índios produzem. Chegam a mostrar o trabalho de fiação feito com o algodão, a palha,
o arumã e o cipó.
Fazendo uma análise mais
detalhada dos conteúdos das fotografias, pode observar, que todas elas poderiam
se encaixar perfeitamente na seguinte classificação: Imagens retratos,
mostrando rostos e detalhes do corpo das pessoas, essas fotos em geral se tem
um close no rosto da pessoa retratada, dando ênfase na pintura corporal, e
sobretudo, nos adornos de cabeça. Outras fotos podemos ver os detalhes das
moradias, das casas enfatizando o material em que essas habitações são
construídas. Um grupo significativo de fotos podemos ver os índios em seus
trabalhos do dia-a-dia em sua aldeia. São fotos descontraídas onde se percebe
que as pessoas retratadas têm uma familiaridade com o fotografo, essas pessoas
estão sentadas, no chão, trabalhando com as mãos, mostrando teares, objetos de
trabalho, pessoas fiando algodão, trabalhando com palhas, produzindo arcos,
trabalhando a mandioca, mostrando recipientes de líquidos em cerâmicas e
recipientes em palhas mostrando diversos tipos de cestos. Um outro conjunto de
fotos pode-se observar a armaria objetos de uso na caça tipos de flechas e
bordunas. As fotografias também retratam objetos de rituais, instrumentos
musicais e mostram festas que foram realizadas, entre as quais, encontra
algumas fotografias onde podemos observar a entrada de homens e mulheres, que
recepcionadas como caçadores, e a entrega de jabutis. Aliás esse ritual está
descrito no livro de Frikel referido acima sobre os Tiriyó.
Seguramente
esse conjunto de fotografias tem o olhar de Frikel, foi realizada por alguém
que quer mostrar aspectos específicos da cultura material Tiriyó. Mas, até a
presente data, não sabemos quem foi o fotografo desse excelente conjunto de
retratos.
O editor do livro Hans Becher, menciona muitos outros apoiadores da
publicação, mas em nenhum momento menciona o nome do fotografo das imagens
publicadas.
Entre essas fotografias, encontra-se uma delas que chama a atenção. Trata-se de uma fotografia de grupo. E o mais interessante, que neste acervo, encontra-se o negativo em vidro, dessa fotografia de grupo. Juntamente com os índios, encontram-se três homens sem identificação. Há dois deles, bastante parecidos com Protásio Frikel e Frei Thomás Kockmeyer. Através do necrológico publicado pela Revista de Santo Antônio, no ano de 1958 os dois viajaram juntos para esta região quase 7 meses. Viagem esta, confirmada através de uma carta que o próprio Frei Tomás escreve ao seu Provincial em exercício nesse mesmo ano. Evidentemente nesse caso temos duas possibilidades lógicas. Porém, existe fortes evidência que essas fotografias tenham sido realizadas pelo Frei Thomás. E nesse sentido acreditamos que o próprio Frikel tenha pedido ao Frei Thomás para fazer as fotos, pois elas seguem um roteiro que pudemos perceber em seu livro sobre os Tiriyó. Essa questão ainda vai perdurar por algum tempo. Mas, sem dúvida nenhuma, o achado dessas fotografias nos permitirá a ter uma noção bem mais clara dos acontecimentos históricos nesse processo de transformação social sofrida pelos Tiriyó do Rio Paru do Oeste na região da Serra do Tomucumaque no Pará.
Entre essas fotografias, encontra-se uma delas que chama a atenção. Trata-se de uma fotografia de grupo. E o mais interessante, que neste acervo, encontra-se o negativo em vidro, dessa fotografia de grupo. Juntamente com os índios, encontram-se três homens sem identificação. Há dois deles, bastante parecidos com Protásio Frikel e Frei Thomás Kockmeyer. Através do necrológico publicado pela Revista de Santo Antônio, no ano de 1958 os dois viajaram juntos para esta região quase 7 meses. Viagem esta, confirmada através de uma carta que o próprio Frei Tomás escreve ao seu Provincial em exercício nesse mesmo ano. Evidentemente nesse caso temos duas possibilidades lógicas. Porém, existe fortes evidência que essas fotografias tenham sido realizadas pelo Frei Thomás. E nesse sentido acreditamos que o próprio Frikel tenha pedido ao Frei Thomás para fazer as fotos, pois elas seguem um roteiro que pudemos perceber em seu livro sobre os Tiriyó. Essa questão ainda vai perdurar por algum tempo. Mas, sem dúvida nenhuma, o achado dessas fotografias nos permitirá a ter uma noção bem mais clara dos acontecimentos históricos nesse processo de transformação social sofrida pelos Tiriyó do Rio Paru do Oeste na região da Serra do Tomucumaque no Pará.
(1) Mauad, A. M. Através da imagem: fotografia e história interfaces. In: Tempo, Rio de Janeiro, vol. 1, n °. 2, 1996, p. 73-98.
* * *
Essas Fotografias abaixo fizeram parte da Exposição: "História, Arte e Vida Franciscana" realizada pela Província Franciscana de Santo Antônio, em Junho de 2015 sob da Curadoria de Débora Mendes O Arquivo Provincial Franciscano do Recife fica na Avenida Dantas Barreto, Edifício Santo Antônio, nº 191, sala 418 – bairro de Santo Antônio (Recife/PE). O Catálogo geral da exposição encontra-se nesse link:
https://issuu.com/danielvilarouca/docs/0000catalogo_diagramacao_03_06_fina_fb5b670464c4fd/8
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Essas fotografias oferecem um fascinante vislumbre da vida dos índios Tiriyó e constituem um valioso registro histórico. A exploração das imagens e suas conexões com o trabalho de Protásio Frikel e Frei Thomás Kockmeyer é intrigante e promete esclarecer ainda mais a história e cultura desses povos. Parabéns pela pesquisa e pelo compartilhamento dessas preciosas memórias visuais. Divorcio en Nueva York Estado Costo
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