Friday, March 27, 2009

Coleção Lucy Seki

Especialista nas línguas Kamaiurá (família Tupí-Guaraní) e Krenák (tronco Macro-Jê), com as quais vem trabalhando nas últimas quatro décadas, Lucy Seki é uma das mais ativas pesquisadoras na lingüística indígena brasileira. Dedicando-se a projetos de educação indígena e documentação lingüística, ela vem contribuindo também para o conhecimento de várias outras línguas indígenas, tanto em seus próprios estudos, como através da orientação de dezenas de teses e dissertações. Amostras desta ampla produção estão agora disponíveis na Biblioteca Digital Curt Nimuendaju, que lança hoje (dia em que se comemora o aniversário da autora) a Coleção Lucy Seki.

A Coleção inclui inicialmente quatro artigos, representando não apenas seus estudos sobre o Krenák (Problemas no estudo em uma língua em extinção, 1984; Apontamentos para a bibliografia da língua Botocudo/Borum, 1990) e o Kamaiurá (O Kamaiurá: língua de estrutura ativa, 1976), mas também uma área — a lingüística histórico-comparativa — em que sua contribuição é menos conhecida. Este é o caso do artigo Evidências de relações genéticas na família Jê (1989), em que a autora determina a posição do Tapayúna dentro da família Jê e aponta inconsistências na reconstrução do Proto-Jê feita por Davis (1966).

Thursday, March 5, 2009

Nasalidade (Rodrigues 2003), Krenák (Silva 1987), Tupinambá (Lapenda 1953)

Visitantes mais assíduos do nosso website devem ter percebido que três novos artigos foram recentemente acrescentados ao acervo da Biblioteca Digital Curt Nimuendaju. Em 'Etimologia da palavra Tupã' (1953), Geraldo Lapenda revisa várias hipóteses sobre a origem deste vocábulo Tupinambá (que, através das línguas gerais, viria a adquirir ampla distribuição em línguas indígenas do continente). Os outros dois artigos tratam de fenômenos fonológicos com interessantes implicações teóricas. Ampliando a Coleção Aryon Rodrigues, o artigo 'Silêncio, nasalidade e laringalidade em línguas indígenas brasileiras' (Rodrigues 2003), baseado em artigo publicado originalmente em 1986 (mas que, por problemas de distribuição, acabaria não tendo a devida circulação), chama atenção para fenômenos que, embora recorrentes em línguas das terras baixas da América do Sul, tendem a ser ignorados na literatura fonológica. Em 'Um problema na análise fonológica dos segmentos vocálicos em Krenák', Thaïs Cristófaro Alves da Silva (1986) sugere, com base no comportamento das vogais /a/ e /E/ nesta língua, que a teoria de traços distintivos proposta por Chomsky em The Sound Pattern of English (1968) "não é totalmente adequada para caracterizar os segmentos vocálicos em Krenák como unidades fonológicas distintas".