Wednesday, October 15, 2014

Curt Nimuendajú cinematográfico


(...) como devo escrever, a fim de que o homem, não importa quem seja,
emerja das páginas da história a seu respeito com a força da palpabilidade física
de sua existência, com a irrefutabilidade de sua realidade semi-imaginária,
com a qual o vejo e o sinto?
Este é o ponto como entendo, este é o segredo da questão...
(Maksim Górki, em carta para Konstantin Fedin)


É com alegria e uma certa apreensão que escrevemos este texto para a Biblioteca Digital Curt Nimendajú. A alegria se deve ao fato de saber que compartilhamos uma admiração, quase culto, à figura de Curt Nimuendajú, que aqui dispensa apresentações – único lugar até o momento onde falamos sobre ele sem preâmbulos. E apreensão, por nossa abordagem heterodoxa e, antes de tudo pessoal, sobre este ícone da etnologia.

Um filme de longa-metragem é uma obra circunscrita em certos limites: duração rígida, expressão artística&comercial, equipe polifônica, público de massa... Evidentemente, as variantes são muitas e flexíveis. A abordagem de um tema, seja em forma de documentário ou ficção, demanda um verdadeiro trabalho de concisão na etapa da escrita do roteiro e depois, durante a montagem. Mas, uma vida como a de Curt Nimuendajú é assunto para mil e uma noites. Então, para lidarmos com esses condicionamentos “roubamos no jogo”: ora simplificando, ora ampliando, ora estilizando – pensando sempre na preservação da essência. Afinal, “o papel de toda obra de arte se impõe à necessidade da exposição coerente e orgânica do tema, do material, da trama, da ação, do movimento interno da sequência cinematográfica e de sua ação dramática como um todo.”[1]

Sunday, May 4, 2014

Community-based production of the Alto Perené-Spanish illustrated thematic dictionary

by Elena Mihas

The Alto Perené-Spanish illustrated thematic dictionary is a third instance of community-based production of language materials for individual native households, bilingual teachers, and community leaders in the Upper Perené valley of Chanchamayo Province, Peru. This Western Amazonian Arawak language of Kampan subgrouping is on a downward trajectory, spoken by the parental and grandparental generations. Radical socio-economic changes of the last century had a significant impact on the community’s ways of living and speaking. The most notable transformations are transition from subsistence economy to cash economy based on fixed-field agriculture, and a shift from monolingual to bilingual social interaction among the indigenous population. Due to a growing awareness among native speakers of the rapid language shift to the language of wider communication, Spanish, important language documentation and revitalization work has been undertaken since 2009. Between 2009 and 2014, over 50 community members have been engaged in the production of two multi-genre text collections, Añaani katonkosatzi parenini and Upper Perené Arawak narratives ofhistory, landscape, and ritual, and a thematic dictionary, Iñani katonkosatzi. Diccionario temático ilustrado Alto Perene-castellano. All three projects have been managed by the language consultant team led by Gregorio Santos Pérez, a bilingual specialist and supervisor of the area’s 26 bilingual elementary school teachers employed by the local Department of Education. Reflecting the collective nature of the endeavor, the contributors’ pictures were prominently placed on the first pages of the dictionary. The team’s work has received the necessary support from the community’s influential political figures. In 2009, the language documentation project was endorsed by the tribal chief of Bajo Marankiari Osbaldo Rosas, and in 2011, by the president of the local political organization CECONSEC (Central de las Comunidades Nativas de la Selva Central), Héctor Martin Manchi.

Thursday, January 2, 2014

Unter Indianern Südamerikas, de Max Schmidt: Etnologia popularizada à l‘ancienne


por Peter Schröder

Entre índios sul-americanos — aventuras no Brasil Central (Unter Indianern Südamerikas — Erlebnisse in Zentralbrasilien. [Wege zum Wissen] Berlin: Ullstein, 157 p.; existe uma reimpressão de 2012 pela Editora Salzwasser, Paderborn, ISBN 978-3-84600-768-6) é um livro pequeno, provavelmente lançado em 1924. No conjunto total da obra de Max Schmidt, é uma publicação menor, pouco significativa em comparação com o resto de seus trabalhos. Contudo, ela é interessante em outro sentido, porque nos mostra uma forma contemporânea de escrever antropologia (sem querer repetir com isso os debates bastante reiterados do pós-modernismo antropológico).