Tuesday, October 4, 2016

Cauiré Imana — o cacique romanceado

por Peter Schröder

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Este ano reli um pequeno livro que tinha lido em 1991, depois de terminar uma pesquisa de campo para o doutorado na Terra Indígena (TI) Cana Brava, dos Guajajara, situada entre as cidades de Barra do Corda e Grajaú, no Maranhão. Trata-se de Cauiré Imana, o cacique rebelde, de Olímpio Martins da Cruz (Brasília: Thesaurus, 1982, 142p.). O livro tem a ver, indiretamente, com a pesquisa realizada — as formas de organização política contemporânea dos Guajajara em sua contextualização histórica — e por isso tinha despertado minha curiosidade. Segundo uma informação na página sobre o autor na Wikipédia, até foi lançada uma reedição em 2015, porém ela não pôde ser confirmada por consulta no website da editora até a data da publicação desta resenha.

Embora o livro seja qualificado de “romance” em algumas páginas na internet, a meu ver este rótulo não é pertinente, no que diz respeito à forma e ao conteúdo da obra. É antes um relato semi-ficcional com algumas pretensões de meticulosidade científica.

Friday, February 26, 2016

"A thing of beauty": urucú's place among the Eastern Timbira

urucum.jpgA recently-published article (Moreira et al. 2015) has suggested that urucú (or annatto; Bixa orellana), a plant whose seeds produce a widely-used coloring agent, was probably domesticated in South America. Rondônia (western Brazil), the likely birthplace of cassava, is once again a strong candidate to have given the world yet another important agricultural item. For the historical linguist, a fascinating piece of information — not mentioned in the article — strongly corroborates the antiquity of the plant in the region: a name for 'urucú' can apparently be reconstructed for Proto-Tupí (cf. Rodrigues 2010), which is supposed to have been spoken in Rondônia about 5 thousand years ago.

Wednesday, February 3, 2016

Nimuendajú e a praça



A disponibilidade online de décadas de documentação da Câmara Municipal de São Paulo (a partir de 1948) permite que acrescentemos mais uma interessante nota de rodapé à saga póstuma de Curt Nimuendajú. Em 1960, um projeto de lei de autoria do vereador José Freitas Nobre foi apresentado ao legislativo paulistano propondo que se desse "a denominação de Kurt Nimuendaju à praça sem nome localizada na Cidade Universitária, em frente ao edifício onde funciona a Secção de Ciências Sociais."

A idéia havia partido da Sociedade Brasileira de Sociologia, que enviara ao vereador uma proposta demonstrando o merecimento de Nimuendajú, em cuja "personalidade associavam-se o cientista de notável valor e o cidadão exemplar, o que lhe permitiu fôsse, a um só tempo, um etnólogo cujos trabalhos científicos alcançaram renome universal e um defensor incansável dos nossos silvícolas." A proposta previa, inclusive, a construção, no mesmo local, de uma cripta em que seriam "recolhidos os despojos mortais do grande antropólogo."1