
Mulato, filho de mãe escrava, o engenheiro baiano Teodoro Sampaio (1855-1937) conquistaria, no entanto, um papel de destaque entre a intelectualidade brasileira na última década do Império e na República Velha. Formado em 1877, participaria de expedições ao sertão nordestino (1879-80) e ao interior paulista (1886), pondo em prática seus talentos como cartógrafo e como observador atento da paisagem natural e humana. Relatos destas viagens, os livros
O Rio de S. Francisco e a Chapada Diamantina (1905) e
Considerações geographicas e economicas sobre o Valle do Rio Paranapanema (1890) contêm preciosas informações sobre as populações locais.
Teodoro Sampaio interessou-se também pela história, a etnografia e a lingüística. Seu livro sobre o vale do Paranapanema (Sampaio 1890) inclui, além de informações ligeiras sobre os Otí e os Kaingáng, um vocabulário da língua dos Kaiowá, povo com que conviveu mais de perto. Também investigou a posição etnográfica dos antigos "Guayanã" da capitania de São Vicente (
Sampaio 1897). Sua obra mais importante, no entanto, seria o estudo toponímico
O Tupi na Geographia Nacional (1901), ressaltando o papel dos bandeirantes na difusão de topônimos de origem Tupí. Tendo servido de subsídio (se não inspiração) a autores como
Sérgio Buarque de Hollanda, é um livro que -- na opinião do Pe. Lemos Barbosa (1967) -- "apesar de suas fantasiosas 'etimologias', não pode ser estranho a nenhum interessado pelo assunto."
Estas obras de Teodoro Sampaio estão agora disponíveis na Biblioteca Digital Curt Nimuendaju, podendo ser acessadas através da
página do autor.
Teodoro Sampaio, desenhista

Vários desenhos e notas de campo resultantes da expedição ao Rio São Francisco permanecem inéditos. É o caso do desenho ao lado, retratando um indivíduo "Procká", "tipo de índio domesticado" (1879). Tais desenhos, acompanhados de observações sobre a população da região (incluindo índios e descendentes de índios), estão contidos nos cadernos de campo do autor, que compõem o Arquivo Theodoro Sampaio do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Este material é analisado na dissertação de mestrado de Ivoneide de França Costa (2007),
O rio São Francisco e a Chapada Diamantina nos desenhos de Teodoro Sampaio [PDF, 6.39 MB] (Universidade Federal da Bahia/Universidade Estadual de Feira de Santana).
Teodoro e Euclides
Como profundo conhecedor da geografia sertaneja, Teodoro Sampaio forneceria informações cruciais para a obra-prima de seu amigo Euclides da Cunha,
Os Sertões. É o que explica Gilberto Freyre (2002) no artigo '
Perfil de Euclides da Cunha' (
Revista Brasileira, Fase VII, Ano VIII, No. 30, p. 29-36).
...grande teodoro sampaio, seu livro o rio são Francisco e a Chapada diamantina é leitura indispensável para qntos se interessam pelas mais importantes questões nacionais
ReplyDelete