Thursday, May 29, 2008

Sermones y exemplos en lengua guarani (Yapuguay 1953 [1727])

Clique aqui para fazer o download Exemplo raro de autoria indígena em tempos coloniais, Sermones y exemplos en lengua guarani, obra de Nicolás Yapuguay publicada originalmente em 1727, é o mais novo item no acervo da Biblioteca Digital Curt Nimuendaju, em edição facsimilar de 1953 (mais uma excelente contribuição de Waldemar Ferreira Netto, da USP). Impresso na aldeia de San Francisco Javier (localizada no que seria hoje território argentino) e escrito por um cacique Guarani ("con dirección de un religioso de la Compañia de Jesus" -- provavelmente Paulo Restivo), "es todo él de factura americana", como lembra Guillermo Furlong na introdução.

"Un encanto singular"

Detalhe da obra 'Sermones y exemplos en lengua guarani' (clique para ampliar)

Fruto da proverbial auto-suficência das missões jesuíticas, o livro foi impresso com os recursos que a aldeia oferecia. "No es de los mejor impresos," escreve Furlong, "y hasta podría decirse que es la peor de las impresiones misioneras, aparecidas entre 1700 y 1727, pero en todo caso no hay que olvidar que aquella imprenta o aquellas imprentas no contaran con series de letras o tipos, fundidos en moldes de precisión, sino que fueron tallados por manos de los mismos indígenas, con tanto empeño como cariño, y tienen un encanto singular [...]"

Leia mais: Sobre as missões jesuíticas entre os Guarani

Saturday, May 10, 2008

Excursión a los Indios del Araguaia (Sekelj 1948)



Em meados de 1945, o jornalista, escritor e esperantista Tibor Sekelj (1912-1988) percorreu o Rio Araguaia, desde Aragarças à ponta norte da Ilha do Bananal, visitando aldeias Karajá e Javaé. Além de servir de inspiração para o livro infantil Kumeŭaŭa, la filo de la ĝangalo ('Kumewawa, o filho da floresta', publicado originalmente em esperanto), a viagem resultou no artigo "Excursión a los Indios del Araguaia" (1948), que acaba de ser incluído na Biblioteca Digital Curt Nimuendaju. Enviado por Hélène Brijnen (Leiden), trata-se de uma fonte muito pouco conhecida sobre os Karajá/Javaé, não tendo sido mencionada em nenhum dos trabalhos publicados sobre a língua e a cultura deste povo.
Kumewawa, o filho da floresta (versão em sérvio)
O artigo inclui, além de informações etnográficas e fotos do cotidiano Karajá, um vocabulário Karajá-espanhol, fornecido por indivíduos da aldeia Karajá do Sul de Aruanã (então Leopoldina), Goiás. A transcrição do vocabulário é razoavelmente confiável (principalmente quando comparada com a de vocabulários anteriores, e mesmo com obras de alguns contemporâneos, como Frei Luiz Palha). O vocabulário de Sekelj é particularmente útil para corroborar outras fontes da mesma época. Um exemplo é o empréstimo maritó 'paletó', que eventualmente viria a cair em desuso; documentado por Sekelj e Brito Machado, é um item útil para ilustrar adaptações fonológicas de empréstimos em uma época em que os Karajá tinham menor familiaridade com o português.

Leia mais: Sobre o autor (Wikipédia, Esperanto.Net); Kumewawa, o filho da floresta (em sérvio); sobre a revista Runa: Archivo para las Ciencias del Hombre.