"Colecciones etnográficas, cosmopolíticas de la memoria y pueblos originarios del río Negro en los museos", de Renato Athias (2023), publicado no livro Territorios, migraciones y fronteras en Iberoamerica uma publicação internacional das Ediciones Universidad de Salamanca
Resenha:
O capítulo "Colecciones etnográficas, cosmopolíticas de la memoria y pueblos originarios del río Negro en los museos", de Renato Athias (2023), publicado no livro Territorios, migraciones y fronteras en Iberoamerica uma publicação das Ediciones Universidad de Salamanca, representa uma contribuição, em língua estrangeira, inovadora para o campo da antropologia, museologia e estudos sobre patrimônio cultural. O texto examina as coleções etnográficas dos povos indígenas do Alto Rio Negro, abordando suas dimensões cosmológicas e sociopolíticas, com ênfase namrelação entre objetos rituais e as formas de organização social e cosmologia desses povos.
Vinculado ao atual projeto de pesquisa do autor: Povos Indígenas, Restituição, Antropologia Visual e a Gestão Compartilhada de Coleções Etnográficas. A originalidade do capítulo reside na articulação entre pesquisa etnográfica, análise de coleções museológicas e o ativismo indígena, revelando a relevância de tais objetos não apenas como testemunhos materiais, mas como agentes de memória e identidade cultural. A pesquisa conduzida pelo autor se destaca por mapear coleções etnográficas em museus europeus e norte-americanos, proporcionando um panorama detalhado sobre a dispersão desses acervos e suas implicações para os povos originários. Esse mapeamento, resultado de um pós-doutorado financiado pela CAPES e apoiado também por sua bolsa de produtividade, é um avanço significativo na restituição virtual (conceito elaborado pelo autor em 2016), material desses objetos etnográficos às comunidades indígenas.
Outro aspecto inovador do trabalho é sua conexão com o projeto do Museu Virtual dos Povos Indígenas do Alto Rio Negro, uma iniciativa desenvolvida em São Gabriel da Cachoeira, em colaboração com lideranças e curadores indígenas. Esse projeto visa ressignificar narrativas museológicas, descolonizando a história dos objetos ao substituir discursos colecionistas por relatos indígenas sobre suas próprias tradições e experiências históricas. Além disso, o capítulo se insere em uma linha de pesquisa mais ampla que envolve acadêmicos e estudantes em temas como restituição de bens culturais, antropologia visual e gestão compartilhada de coleções etnográficas.
O impacto do trabalho do autor se evidencia em múltiplos âmbitos. Na esfera acadêmica, sua produção tem sido referência para estudos sobre coleções indígenas, contribuindo para debates em congressos internacionais e na formação de estudantes no bacharelado em Museologia da UFPE. No cenário global, sua atuação como vice-presidente da Comissão de Museus e Patrimônio Cultural da IUAES resultou no lançamento de uma Task-Force no congresso da World Anthropological Union (WAU), Johanesburgo 2024, com o objetivo de desenvolver mecanismos administrativos e legais que apoiem as reivindicações indígenas em relação as restituições e repatriação de objetos etnográficos.
Assim, este capítulo não apenas amplia o conhecimento sobre as coleções etnográficas do Alto Rio Negro, mas também promove um modelo inovador de pesquisa colaborativa e ativismo acadêmico, fortalecendo o protagonismo indígena na construção de novas narrativas museológicas e patrimoniais.